I- Ashibumi (足踏み), plantar os pés.
…mas eu também quero mudar o mundo!
Eu, o engenheiro de pequenos fracassos
Separo as pernas com cuidado, como um pássaro
Firme e impávido, na linha de alta tensão
II- Dozukuri (胴造り), ajustar o tronco.
Descalço e despido me desembaraço
Rejeito com áspero asco a tese da espinha dorsal
E me ergo
Estandarte da nação nunca fundada
III- Yugamae (弓構え), preparar.
…mas o momento nunca veio e nunca vem!
Manipulo, com as pontas dos dedos, meu cerebelo
Talvez haja algo além disso, que sumiu
Algo, talvez, afeito à calmaria dos sumiços
IV- Uchiokoshi (打起し), erguer.
Valho-me da obediência cega dos braços
Elevando ao alto em seu ingrato esforço
Meu ato automático seguro:
Não há jurisdição para espasmos.
V- Hikiwake (引分け), tensionar.
…mas há um sofrer, um sentir tão profundo!
A corda ignora igualmente qualquer intenção
A única resposta é mais força
Até que não haja mais o que puxar
VI- Kai (会), ancorar.
Sem pressa o tempo cochila, mas sem respirar
Talvez o momento exista para sempre
Na perfeição do que ainda não aconteceu
Enquanto a tensão atravessa a pele
VII- Hanare (離れ), soltar.
…mas eu não sei de mais nada e mais ninguém!
Quando a eternidade acaba
Ela passa, zunindo em um instante infinitesimal
Atravessando tudo em seu caminho, sem resistência
VIII- Zanshin (残心), permanecer.
Silêncio: nada mais há.
Nem flecha, nem alvo, nem arco
Apenas a teimosia do instante
Que, sem cerimônia, insiste em ficar.