— Terra?
— Sim, pô. Terra, de Caetano.
— E eu pensei que esse homi ia me mandar um Racionais, galado. Que porra Caetano tem a ver com prisão, boe?
— E tu nunca ouviu não, foi?
— Peraí, que eu-- Garçom! Ô, meu querido, manda mais duas pra cá? Valeeeu!
— Eita, com mais duas chega em oito! Aí fica quanto pros seis?
— Deixe disso, boe. Tas com pressa, é? Vai bebendo aí, vai dar baratinho.
— Sei não, viu? O cara pede cerveja logo de duas, aí tu vai ver e a dele tá aí esquentando no copo.
— Sim, deixa eu falar, bando de carai!
— Lá vem…
— Se ligue: jogam o cara num buraco no Rio de Janeiro, depois aconselham - e tipo, eles “aconselham”, tá ligado? - o exílio, aí ele sai da porra do país.
— Sim, e aí?
— Tem prisão maior que essa?
— Bicho, deve ter…
— É o quê, vocês dois aí? Caetano chato pra caralho!!
— Teu cu, otário!
— BARULHO DA PORRA!!
— É o microfone deles que tá um lixo.
— Essa é aquela do negócio das fotos, né não?
— Essa mesmo! Aí tu imagina naquela época a cabeça da pessoa, trancada numa cela, longe de casa, sem garantia de porra nenhuma, se deparar com uma imagem COLORIDA do planeta Terra, boe?!
— Aaaah, tipo longe da terra e perto da terra, saquei.
— Como é, homi?!
— O bicho tá isolado do chão dele, da vida, da terra natal, mas nunca longe da terra. Ele tá dentro do todo e o todo tá dentro dele.
— Rapaz, a cerveja subiu.
— Eu falei que Skol quente é veneno, boe. Toma essa merda direito!
— Aí ele manda um “por mais distaAaAaaAante…”. Foda, foda demais.
— Aí é ele falando do chão, da Bahia ou do planeta?
— E tem que ser só um dos três?
— Eu gosto daquela do Leãozinho.
— Nossa, detesto!
— Com Uber a 60 reais, eu prefiro voltar só de manhã mesmo…
— Mas eu acho que ele tá falando mais da Bahia. Tipo, como se a Bahia fosse a Terra, saca? A Terra toda.
— Aí eu já não sei, mas tá respondida a sua pergunta?
— Tá, mas a MINHA música de cadeia ainda é Diário de um Detento.
— Feliz que a gente tá se vendo mais, na real.
— E essa banda aí, hein?