Doppler

Jares
1 min readJan 23, 2020

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Você não mudou.

Ainda coça o nariz que, de fato, não coça, nessa tentativa tosca de cobrir a verdade do rosto, como se não estivesse à mostra sua farsa pueril.

Você não muda.

Ainda vive em fuga, insistindo no olhar cabisbaixo, procurando no chão qualquer resto de afeto indulgente que traga as palavras de volta pra casa.

Ninguém muda.

Ainda é preciso mais um gesto, quem sabe ainda outra conversa da mesma conversa. Um passeio a pés descalços nos escombros de um terreno que, apesar do variado cardápio de lixos nele jogados, segue idêntico ao dia em que foi cercado.

Nada muda (e tudo bem).

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Jares
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