Feliz aniversário!

Jares
1 min readMar 28, 2020

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Silêncio.

Não necessariamente o cessar de todo som. Talvez muito mais a existência de um único som, egoísta e insensível, que toma o lugar dos outros. É esse barulho de nada com qualquer coisa, essa constância em nunca mudar e preencher os ouvidos com sua ausência.

Silêncio.

Tão audível quanto se pode ser o som de um nada: as roupas roçando em si mesmas, o assovio agudo das narinas, o eco distante do pulso cardíaco. Em seguida, o abandono da iminência das palavras, seguido do quase “não-barulho” do engolir em seco ao fechar dos lábios.

Silêncio.

Mas logo cessa o eco, cessam narinas, o roçar das roupas e dos lábios. Há um único momento, de extrema e imensurável pequenez, em que absolutamente tudo cessa.

Silêncio?

Então, deitado de costas no chão, ele ouve. O som das engrenagens abissais, rangendo estrondosas sob tudo que existe, contra tudo que a ele se opõe. O som inevitável do qual o silêncio é feito. Quando tudo que é vivo resolve dormir e tudo que existe decide cessar. O som impossível, fruto do mais impossível…

…silêncio.

Nesse dito momento infinitesimal, ele jurou ter ouvido a terra girar.

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Jares
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